18 de ago. de 2010

Solidão



Choro intenso no meu coração!
Carrego solidão nos ombros pela
ausência que caminha ao meu
lado, num vazio a dois retalhando
a alma. Dias de sol frio, escuro,
sua companhia não é companhia.
Tudo afronta, deixa olhar baixo,
cansado, voz embargada, infeliz pela
 
dura realidade vivida. Desencontro
de nós se faz silêncio e perdura,
inevitável sofrer sufocante. Quantos
dias felizes se foram, imagino um mau
agouro em nossas vidas, oro para que
se perca nas brumas do dia-a-dia,
nas madrugadas orvalhadas
de lágrimas derramadas do coração.



(Marcos Ernani)

"Deveríamos ser sensíveis como as crianças,
que sentem alegria nas pequenas coisas..."


Adeus,


que é tempo de marear!



Por que procuram pelos olhos meus

rastros de choro,

direções de olhar?



Quem fala em praias de cristal e de ouro,

abrindo estrelas nos aléns do mar?

Quem pensa num desembarcadouro?

- É hora, apenas, de marear.



Quem chama o sol? Mas quem procura o vento?

e âncora? e bússola? e rumo e lugar?

Quem levanta do esquecimento

esses fantasmas de perguntar?



Lenço de adeuses já perdi...Por onde?

- na terra, andando, e só de tanto andar...

Não faz mal. Que ninguém responde

a um lenço movido no ar...



Perdi meu lenço e meu passaporte

- senhas inúteis de ir e chegar.

Quem lembra a fala da ausência

num mundo sem correspondência?



Viajante da sorte na barca da sorte,

sem vida nem morte...



Adeus,

que é tempo de marear!



CECÍLIA MEIRELES