Falo a língua dos loucos...porque não conheço a mórbida coerência dos lúcidos... Nada em mim foi covarde,nem mesmo as desistências: desistir, ainda que não pareça,foi meu grande gesto de coragem.
3 de jun. de 2011
Desconheço o autor.....Mas o testo é lindo D++++++
Tem gente que tem cheiro de colo de Deus. De banho de mar quando a água é quente e o céu é azul.
O tempo é outro. E a vida fica com a cara que ela tem de verdade, mas que a gente desaprende de ver.
Ao lado delas, a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis.
Ao lado delas, pode ser abril, mas parece manhã de Natal do tempo em que a gente acordava e encontrava o presente do Papai Noel.
Tem gente que tem cheiro das estrelas que Deus acendeu no céu e daquelas que conseguimos acender na Terra.
Ao lado delas, a gente não acha que o amor é possível, a gente tem certeza.
Ao lado delas, a gente se sente visitando um lugar feito de alegria. Recebendo um buquê de carinhos. Abraçando um filhote de urso panda. Tocando com os olhos os olhos da paz.
Ao lado delas, saboreamos a delícia do toque suave que sua presença sopra no nosso coração.
Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa. Do brinquedo que a gente não largava. Do acalanto que o silêncio canta. De passeio no jardim.
Ao lado delas, a gente percebe que a sensualidade é um perfume que vem de dentro e que a atração que realmente nos move não passa só pelo corpo. Corre em outras veias. Pulsa em outro lugar.
Ao lado delas, a gente lembra que no instante em que rimos Deus está dançando conosco de rostinho colado. E a gente ri grande que nem menino arteiro.
Costumo dizer que algumas almas são perfumadas, porque acredito que os sentimentos também têm cheiro e tocam todas as coisas com os seus dedos de energia.
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(Marcos Ernani)
"Deveríamos ser sensíveis como as crianças,
que sentem alegria nas pequenas coisas..."
que sentem alegria nas pequenas coisas..."
Adeus,
que é tempo de marear!
Por que procuram pelos olhos meus
rastros de choro,
direções de olhar?
Quem fala em praias de cristal e de ouro,
abrindo estrelas nos aléns do mar?
Quem pensa num desembarcadouro?
- É hora, apenas, de marear.
Quem chama o sol? Mas quem procura o vento?
e âncora? e bússola? e rumo e lugar?
Quem levanta do esquecimento
esses fantasmas de perguntar?
Lenço de adeuses já perdi...Por onde?
- na terra, andando, e só de tanto andar...
Não faz mal. Que ninguém responde
a um lenço movido no ar...
Perdi meu lenço e meu passaporte
- senhas inúteis de ir e chegar.
Quem lembra a fala da ausência
num mundo sem correspondência?
Viajante da sorte na barca da sorte,
sem vida nem morte...
Adeus,
que é tempo de marear!
CECÍLIA MEIRELES
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