11 de jul. de 2011





“Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir,ou sentir sono…
Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar.
Acordo pela manhã com ótimo humor, as vezes, mas … permita que eu escove os dentes primeiro.
Não toque muito em mim, principalmente nos cabelos e minta sobre minha nocauteante beleza.
Tenho vida própria, me faça sentir saudades, conte algumas coisas que me façam rir, mas não conte piadas bobas e nem seja preconceituoso, não perca tempo, cultivando isso.
Viaje antes de me conhecer, sofra antes de mim para reconhecer-me um porto, um albergue da juventude.
Eu saio em conta, você não gastará muito comigo.
Acredite nas verdades que digo e também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa.Respeite meu choro, me deixe sózinha, só volte quando eu chamar e, não me obedeça sempre que eu também gosto de ser contrariada. ( Então fique comigo quando eu chorar, combinado?).
Seja mais forte que eu e menos altruísta!
Se vista muito bem…mas até que gosto de camisa para fora da calça, gosto de braços…
Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto: boca, cabelos, e um joelho esfolado, você tem que se esfolar as vezes.
Leia, escolha seus próprios livros, releia-os.
Odeie a vida doméstica e os agitos noturnos.
Seja um pouco caseiro e um pouco da vida, não de boate que isto é coisa de gente triste.
Não seja escravo da televisão, nem xiita contra.
Nem escravo meu, nem filho meu, nem meu pai.
Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes.
Me enlouqueça uma vez por mês mas, me faça uma louca boa, uma louca que ache graça em tudo que rime com louca: loba, boba, rouca, boca …
Goste de música.
Goste de um esporte não muito banal.
Não invente de querer muitos filhos, me carregar para a missa, apresentar toda sua familia… isso a gente vê depois … se calhar …
Deixa eu dirigir o seu carro, aquele que você adora.
Quero ver você nervoso, inquieto, olhe para outras mulheres, tenha amigos e digam muitas digam muitas bobagens juntos.
Não me conte seus segredos … me faça massagem nas costas.
Não fume, beba, chore, eleja algumas contravenções.
Me rapte! Se nada disso funcionar … experimente me amar…”

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(Marcos Ernani)

"Deveríamos ser sensíveis como as crianças,
que sentem alegria nas pequenas coisas..."


Adeus,


que é tempo de marear!



Por que procuram pelos olhos meus

rastros de choro,

direções de olhar?



Quem fala em praias de cristal e de ouro,

abrindo estrelas nos aléns do mar?

Quem pensa num desembarcadouro?

- É hora, apenas, de marear.



Quem chama o sol? Mas quem procura o vento?

e âncora? e bússola? e rumo e lugar?

Quem levanta do esquecimento

esses fantasmas de perguntar?



Lenço de adeuses já perdi...Por onde?

- na terra, andando, e só de tanto andar...

Não faz mal. Que ninguém responde

a um lenço movido no ar...



Perdi meu lenço e meu passaporte

- senhas inúteis de ir e chegar.

Quem lembra a fala da ausência

num mundo sem correspondência?



Viajante da sorte na barca da sorte,

sem vida nem morte...



Adeus,

que é tempo de marear!



CECÍLIA MEIRELES