5 de nov. de 2011

A IDADE DAS BORBOLETAS



Vais pela vida qual frágil borboleta,
Mal liberta do casulo as tuas asas,
Anda a beijar as flores do caminho,
E, se no alto, espreitas nossas casas.


Responde o vento, sutil, ao teu apelo,
Igual a ti, esse andarilho folgazão,
Sopra a fumaça, voando pelos ares,
Para te dar toda a amplitude de visão.


Alças ao céu, qual tênue folha ao vento,
És tão ligeira, tão fútil, tão criança...
Flutuam leves, tuas coloridas asas,
Parecem acesas... círios de esperança.


De repente um vôo, tangido de mistério,
Um clarão no céu, um rastro colorido...
Um sopro apenas é capaz de te levar,
Além fronteiras, onde nunca tinhas ido.


Mil outras borboletas, vêm, num rodopio,
Asas brilhando, refulgindo ao sol.
Nuvens etéreas, confundem nossos olhos,
A planar com graça, beijam o girassol.


Se entre as flores, se sentem soberanas,
Tocando as pétalas, suaves, nos jardins,
Após beijá-las, num ato apaixonado,
Se perdem no infinito, longe... nos confins...

Mírian Warttusch




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(Marcos Ernani)

"Deveríamos ser sensíveis como as crianças,
que sentem alegria nas pequenas coisas..."


Adeus,


que é tempo de marear!



Por que procuram pelos olhos meus

rastros de choro,

direções de olhar?



Quem fala em praias de cristal e de ouro,

abrindo estrelas nos aléns do mar?

Quem pensa num desembarcadouro?

- É hora, apenas, de marear.



Quem chama o sol? Mas quem procura o vento?

e âncora? e bússola? e rumo e lugar?

Quem levanta do esquecimento

esses fantasmas de perguntar?



Lenço de adeuses já perdi...Por onde?

- na terra, andando, e só de tanto andar...

Não faz mal. Que ninguém responde

a um lenço movido no ar...



Perdi meu lenço e meu passaporte

- senhas inúteis de ir e chegar.

Quem lembra a fala da ausência

num mundo sem correspondência?



Viajante da sorte na barca da sorte,

sem vida nem morte...



Adeus,

que é tempo de marear!



CECÍLIA MEIRELES